domingo, 3 de agosto de 2014

Sobre o direito de Israel a se defender

Por Breno Altman  03/08/2014
O governo de Netanyahu alega que os ataques a Gaza são legítima defesa. Como se a situação tivesse começado com lançamento de mísseis pelo Hamas.

O argumento, para início de conversa, tem um déficit original: ao menos desde 1967, quando tomou a força territórios árabes, Israel é o Estado agressor. Os palestinos, desde então, são os que possuem direito natural à auto-defesa e à rebelião, como está escrito na Carta das Nações Unidas sobre povos submetidos a situação colonial.

Segundo, os mísseis do Hamas foram uma resposta, independente do juízo que se faça dela, à maneira como o governo de Israel conduziu o caso dos três jovens israelenses cruelmente assassinados. Ao contrário de considerar um caso policial, que pressuporia investigação e julgamento conduzido pela Autoridade Palestina, dentro de um prazo razoável, Netanyahu tratou como um tema militar, lançou uma onda de prisão em massa contra palestinos e denunciou a responsabilidade do Hamas sem que houvesse provas conclusivas a esse respeito. A organização islâmica contestou com seus disparos a esmo os gritos de guerra e a repressão generalizada conduzida pelo governo de Israel.

Terceiro, não se pode considerar "direito de defesa" um massacre como o que está em curso, com mais de 1,5 mil palestinos mortos, a maioria civil, incluindo mulheres e quase trezentas crianças, além de ataques a edifícios sob controle das Nações Unidas.

Estes três argumentos são suficientes para desmascarar o suposto caráter defensivo da escalada em Gaza. O nome do que faz o governo de Israel é crime de guerra.

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