terça-feira, 5 de agosto de 2014

O gol de placa do Itamaraty na questão de Israel

LEN, 05/08/14
As reações do porta-voz do ministério das relações exteriores de Israel, Yigar Palmor e de alguns pit-bulls da imprensa sionista sobre as ações tomadas pela diplomacia brasileira frente à ofensiva desproporcional e desumana Israelense na faixa de Gaza – nota oficial dura e convocação do embaixador – dão bem o tamanho do impacto dessas ações na diplomacia daquele país.
Não consigo imaginar qualquer reação vinda de Israel contra um país realmente insignificante diplomaticamente, e a tentativa de demonstrar desdém revela um esquizofrênico esforço para não transparecer o quanto sentiram o punch diplomático, vindo justamente de um dos fundadores do Estado de Israel em 1948, em terras palestinas.
A nota do Itamaraty havia sido dura e cirúrgica nas palavras. A convocação do embaixador mostrou que não se tratava de mero formalismo como as declarações de Washington que não convencem ninguém. A ação Brasileira se deu em um momento que o mundo estava perplexo e os países se entreolhavam para ver quem iria ser o primeiro a enfrentar a fera.
Os neocons da mídia tupiniquim, sempre alinhados com Washington e Tel Aviv, correram para tentar ridicularizar a ação diplomática Brasileira, acusando a missão de “agir ideologicamente”, sem esperar para contabilizar os efeitos posteriores no tabuleiro de xadrez da política internacional.
Na contramão dos nossos queridos vira-latas, a OLP reconheceu de imediato o protagonismo brasileiro e exaltou a dignidade e coerência do país, intransigente na defesa de soluções negociadas e pacíficas. Países sucederam o Brasil, depois vieram os grandes do G7, e as palavras não eram mais tênues que as brasileiras.
O Itamaraty continuou acertando ao não se envolver em um bate-boca com tel-aviv via imprensa, deixando de responder as bravatas e se empenhando através de novas ações diplomáticas silenciosas para que outros países seguissem o seu caminho.
Não há o que se comemorar com tantas crianças pagando o pato por uma cegueira odiosa e insana, no entanto, haja o que houver e o Itamaraty sai mais forte do que entrou. São com atitudes firmes e na medida certa como essa que se ganha confiança no cenário internacional e relevância no xadrez político mundial.
Relevância internacional não se consegue com demonstrações de força, mas liderando outros países na prática como o Brasil mostrou ser capaz de fazer, e nesse quesito Israel é um anão diplomático, pois cada vez mais se isola internacionalmente.
No mesmo caminho vão os nossos vira-latas que cada vez escrevem apenas para um pequeno gueto de direitopatas que se prestam a tentar justificar a morte dessas crianças, pois mesmo que a opinião pública brasileira seja de fato mais conservadora que progressista, no conflito de Gaza a rejeição a ação de Israel é facilmente notada nas redes sociais.
Ninguém questiona o direito do povo de Israel de viver em paz, o que se questiona são os métodos usados pelas forças armadas israelenses para conseguir isso, se questiona jogar bombas em áreas civis, inclusive colégios e hospitais, alguns humanitários da ONU, se questiona a ampliação de colônias em território palestino em tempos de paz provocando os grupos radicais, se questiona um bloqueio desumano que tem a única finalidade em sufocar economicamente um povo já tão sofrido.
O Brasileiro torce pela paz, o governo Israelense torce para que ela nunca venha. O Israelense e o Israelita não precisam se alinhar a esse governo que comete crimes de guerra, tem o dever de cobrar e eleger governos que busquem colocar um fim no conflito para que os dois lados possam viver em paz. Infelizmente os israelitas da nossa mídia sempre estão equivocadamente alinhados com Tel-aviv.

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